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6 de novembro de 2013

Vai na Minha no Risk Management Summit 2013



Um desdobramento muito legal da nossa viagem à Tanzânia, em especial a escalada que fizemos ao Monte Kilimanjaro foi a minha participação como palestrante no Risk Management Summit 2013 promovido pela Next Business Media com apoio do PMI (Program Management Institute), que rolou no Rio de Janeiro nos dias 22 e 23 de outubro.





O inusitado convite surgiu a partir de um dos posts publicados aqui no VAI NA MINHA. Um dos organizadores procurava alguém que pudesse abordar o tema, gestão de riscos, de uma forma diferente, interessante e fora do contexto empresarial, para iniciar o evento abrindo a mente dos participantes e tirá-los do senso comum. E assim esbarrou com o nosso relato da descida do Kilimanjaro, curtiu e entrou em contato.  Com esse intuito, uma escalada ao Kilimanjaro fazia todo sentido.

Acertados os detalhes, me lancei a preparar a apresentação, uma tarefa que demandou bastante tempo e dedicação mas foi imensamente prazerosa, pois revivi mais uma vez toda a aventura, enquanto pensava na história que iria contar e montava os slides. A apresentação está disponível no site do evento




Apresentação no Risk Management Summit 2013 no Rio de Janeiro


Também li e reli diversos livros sobre Gerenciamento de Risco e escaladas que me proporcionaram alguns insights. Um que o público gostou e que foi posteriormente mencionado por outros palestrantes em suas apresentações, foi uma citação de um dos mais renomados alpinistas da atualidade, Ed Viesturs, o primeiro americano a alcançar o cume dos 14 maiores picos do mundo acima dos 8 mil metros de altitude sem a utilização de oxigênio suplementar: 

“Chegar ao topo é opcional. Descer é mandatório”.


- Ed Viesturs, No Shortcut to the Top


Muita gente foca tanto em chegar ao cume que se esquece disso. Nos nossos projetos profissionais é a mesma coisa. O sucesso de qualquer projeto depende da clareza e da precisão do seu escopo. Esse é o primeiro passo para um bom planejamento de projeto e por consequência um bom planejamento de gestão de risco.



Outro ponto que despertou bastante o interesse foi o componente humano dos riscos envolvidos na escalada.

Por mais que nenhum dos trajetos que levam ao cume do Kilimanjaro exija o uso de equipamentos e técnicas de escalada e sejam mais um árduo trekking/hikking em altitude, os riscos envolvidos são consideráveis, por conta de diversos fatores, entre eles: a altitude (5895m), a brusca variação de temperatura (em questão de poucos dias você parte de um clima tropical para um clima ártico) e os impactos que esses fatores causam nas pessoas que se aventuram nessa empreitada. 


Kilimanjaro: Da floresta equatoriana ao gelo ártico em 5 dias

Ao final da apresentação me perguntaram, entre outras coisas, qual foi o maior risco que corremos e o que eu pude extrair disso para minha vida pessoal/profissional. 

Relembrando agora de toda a viagem, os problemas que tivemos antes, durante e mesmo depois em Rwanda já no trajeto de volta para o Brasil (esse episódio onde nossos níveis de stress conheceram um novo limite fica para um próximo post), o que mais me marcou foram mesmo os eventos que se sucederam durante nosso ataque ao cume, aqui relatados no post Climbing Kilimanjaro – Summit

É no trecho final da subida que se dá na madrugada do 5º para o 6º dia de escalada que realmente nos colocamos à prova dos perigosos efeitos da alta altitude. 

Percurso de 7 dias para o Kilimanjaro pelas rotas Machame (subida) e Mweka (descida)

Aproximávamo-nos dos 5 mil metros a passos lentos sob um frio intenso quando a Cláudia passou muito mal sentindo os principais sintomas do mal de altitude: forte náusea e enjôo associado a outros agravantes que todos lá em cima, em maior (me incluo nesse grupo) ou menor grau sentem, como fadiga, dor de cabeça e falta de ar. 

Havia ainda relativamente muito a ser percorrido e o grau de dificuldade da escalada só iria piorar com a proximidade do cume; o terreno ficaria mais íngreme, mais escorregadio e a temperatura ainda mais baixa. Nosso experiente guia local calculou que mesmo que conseguíssemos continuar subindo, no ritmo que estávamos levaríamos certamente o dobro ou mais do tempo normal e possivelmente perderíamos a janela de tempo bom que geralmente ocorre nas primeiras horas da manhã em que as nuvens estão mais baixas permitindo a visão espetacular que se tem lá do topo. 

Naquela altura já estávamos sendo ultrapassados por muitos grupos que haviam partido bem depois de nós, mas apesar de todo o prognóstico negativo, a Cláudia persistiu corajosamente por muito tempo (certamente muito mais tempo do que eu teria aguentado) antes de considerar seriamente que o mais prudente seria realmente voltar.

Foi nesse momento que senti que contou muito a experiência do nosso guia Nechi, que soube avaliar corretamente os sintomas e os riscos envolvidos e tomar as devidas medidas que permitiram que continuássemos subindo. 

De certa forma, “delegar” para outro uma decisão que pode colocar realmente em risco nossa vida é por si só uma decisão complicada, mesmo que essa pessoa tenha conhecimento e experiência nesse tipo de situação muito maior que a nossa. Esse “desprendimento” consciente e embasado, salutar para qualquer processo de decisão seja profissional ou pessoal é uma característica que não vem naturalmente e é sem dúvida um dos aprendizados que tiro desse episódio. 

O outro é que realmente não conhecemos os nossos próprios limites, tanto físicos quanto emocionais. Inexperientes nesse tipo de situação, nós realmente desconhecíamos até onde nossos corpos e mentes poderiam aguentar. Em nosso dia-a-dia não nos expomos a situações limítrofes e nossa tendência natural é desistir perante adversidades maiores. Só numa situação como essa é que percebemos quão aquém de nossos limites na realidade vivemos. Gostou? 

Leia também como foi a experiência na íntegra:


Por Claudia

O Daniel além de meu companheiro de viagem e palestrante, é criador do site EASYMAN, um serviço de assinatura e compra de itens de vestuário masculino (camisetas, cuecas e meias), funciona assim: Você escolhe os itens e a periodicidade de entrega e nunca mais se preocupa! Para quem não tem uma mulher que faça isso e não gosta de ir ao shopping é a salvação!!! VAI NA MINHA!



10 de julho de 2013

Google Trekker Project

Acontece com todo mundo... Só de ontem para hoje tenho contabilizados 79 e-mails recebidos, 35 dos quais bloqueados diretamente pelo anti-spam. Ainda assim restam muitos que consumiriam um tempo enorme se eu fosse realmente parar para ler. No final, apenas 5 dessas mensagens se referem realmente a mim ou ao meu trabalho como empresário.

Esta disparidade é surpreendente e infelizmente não estou sozinho nessa. Cada dia todos nós recebemos mais e mais e-mails que oferecem uma distração constante que acaba por minar nossa produtividade. A vontade que dá é de apagar todos esses e-mails sem ler, mas daí também corremos o risco de perder algo que é realmente de nosso interesse.. Fazer essa peneira de forma eficiente e rápida é um desafio para o qual ainda não tenho uma boa solução, mas ficamos abertos a sugestões!

O assunto desse post estava justamente num dos 44 e-mails restantes que por pouco eu nem abriria: A newsletter de um dos mais completos agregador/portal/blog que existe e que trata de praticamente tudo, o The Huffington Post ou Huff Post  que assino e leio (de vez em quando). Me chamou à atenção o Google Trekker Project – a mais nova iniciativa do Google Street View de ampliar ainda mais a experiência de conhecer novos lugares pelo Google Maps para os viajantes de poltrona como eu.



Para isso o Google lançou um programa piloto que permite a terceiros emprestar o equipamento de câmera panorâmica e levá-lo para lugares incríveis ao redor do mundo onde não é possível chegar de carro. 
As inscrições estão abertas em todo o mundo, incluindo o Brasil. No entanto, não é qualquer um que pode participar. No momento são aceitas apenas pessoas que representem organizações como conselhos de turismo, ONG’s, agências do governo, universidades ou grupos de pesquisa. O cadastro é feito diretamente na página do Google do projeto .
A parte principal desse cadastro é fornecer os detalhes sobre o projeto proposto pela(o) candidata(o), o local que ela(e) deseja compartilhar com o mundo e por que ela(e) acha que seria útil. A matéria do Huff Post diz ainda: 

“As oportunidades para as(os) trekkers são praticamente infinitas, se você for corajosa(o) o suficiente”.

Parece-me uma oportunidade perfeita para a nossa querida bloggeira do VAI NA MINHA agora que ela acabou de iniciar um sabático que já conta com passagem pela Califórnia, Nova York e quiça (torcemos para que sim) por: Alemanha, Nepal, Butão e Camboja.

E aí vai nessa??

20 de março de 2013

O Melhor Trabalho do Mundo


Google uma viagem sem sair de casa

O VAI NA MINHA, assim como a maioria de nós, tem uma lista dos lugares que deseja visitar. E se você é como eu (Daniel), também deve ter uma lista dos lugares que gostaria de trabalhar. 
Para ser honesto a primeira lista é bem longa e a segunda bem restrita e eu teria muita sorte se chegasse a realizar mesmo que uma fração das duas. Nessa semana descobri um grupo de sortudos que podem dizer que já marcaram pontos em ambas as listas: subiram alguns dos picos mais altos do mundo enquanto trabalham no Google. 
Este seleto grupo de técnicos e montanhistas do Google realizaram o projeto de levar o Google Street View para os picos mais altos do mundo. 
O conteúdo visual do projeto inclui imagens 360º dos topos do Aconcágua na Argentina, Monte Kilimanjaro na Tanzânia, Monte Elbrus na Rússia e o Acampamento Base do Everest no Nepal. Estas montanhas pertencem ao grupo de picos conhecidos como os “Sete Picos” - as mais altas montanhas de cada continente.

Acampamento base do Everest e a equipe do Google Street View em ação

A partir de agora é possível acessar as imagens através do Google Maps ou pela galeria de imagens do Street View. O Google tem feito realmente muito para conseguir imagens incríveis dos cantos mais remotos do mundo, incluindo a recente introdução de passeios do Street View pelo Grand Canyon e Antártida. Agora, com essa tecnologia é possível “se transportar” instantaneamente e percorrer esses locais sem sair de casa. 

imagens do Googleplex, complexo do Google na Califórnia

Esse “turismo remoto” promovido pelo Google é na verdade uma maneira incrivelmente legal de atrair os olhos do mundo para os seus serviços de imagem e geolocalização como o Google Maps e Google Earth

Apesar disso tudo, nada ainda substitui a graça, a emoção (e o perigo!) que é estar no topo dessas montanhas. Mas vale a pena dar uma conferida! 

Por Daniel Chu - colaborador do VAI NA MINHA


10 de março de 2013

Kilimajaro - A Descida / The Descent

Por Daniel Chu - colaborador VAI NA MINHA


Vista do Kilimanjaro: Face sul do Kibo ao por do sol
View from Kilimanjaro: Kibo's southern face in the sunset


Ficamos pouco mais de 1 hora no topo da África: o pico Uhuru no Monte Kilimanjaro, a 5895m de altitude, no norte da Tanzânia, junto à fronteira com o Quênia. Agora, passados quase 3 meses, percebo que é quase impossível recordar as emoções daqueles momentos preciosos. Mesmo na hora, era difícil saber exatamente o que eu estava sentindo. Era uma sensação mista de sonho e de descrença em estar vivendo uma experiência única em um lugar tão especial cujo visual é arrebatador: De lá, naquele momento era possível observarmos a leste o sol nascer acima do Monte Mawenzi (o segundo maior pico do Kilimanjaro com 5149m), provavelmente o nascer de sol mais bonito que vi na vida; a lua cheia que nos acompanhou durante toda a subida ao cume ainda brilhava distante do horizonte a oeste; o que seria todo o interior de uma enorme cratera vulcânica ao norte e as famosas geleiras e neves eternas do Kibo (o maior dos 3 picos do Kilimanjaro) estendendo-se por todo o lado sul, isso tudo em meio a uma vasta planície de savana.


We lingered on top of Africa for a little over one hour: on Uhuro peak in Mount Kilimanjaro, at an altitude of 5895m, in the North of Tanzania, right on the border with Kenya. Right now, almost three months later, I realize that it is almost impossible to remember the emotions from those precious moments. Even at the time it was difficult to know exactly what I felt. It was a mix of a sensation of a dream coming true and disbelief to be living such an unique experience in such a special place and such a breathtaking vista. At that moment we could see the sun rising on the East over mount Mawenzi (the second tallest of Kilimanjaro's peaks, 5149m tall), probably the most beautiful sunrise I've ever seen in my life. The full moon that followed us during the whole climb still shone far from the horizon, to the West. The whole of a vast volcanic crater stretched to the North, and the famous glaciers and eternal snows on Kibo (the tallest of Kilimanjaro's three peaks) spread itself to the South. All of this right in the middle of endless savannah plains.



Vista do Topo da África. Ao fundo: Monte Mawenzi. À direita: As neves eternas do Kilimanjaro


The view from the top of Africa. In the background: Mount Mawenzi. To the right: Kilimanjaro's eternal snows.

Estavam comigo os três que me fizeram companhia ao longo de toda a jornada: minha prima Cláudia e os guias locais Nechi e Chayo, sem os quais, não seria possível chegarmos lá. Diversos caminhos levam ao cume e o que escolhemos percorrer o mais popular, a rota Machame, também chamada de rota “Whisky” pelo grau de dificuldade (a rota mais tranquila é chamada de rota “Coca-cola”), mas considerada como a rota mais bonita.

Embora o Kilimanjaro não seja considerado uma montanha de difícil escalada, qualquer escalada que requer vários dias para se completar não deixa de ser uma experiência intensa e desafiadora. De fato, não se trata de uma escalada, pois não exige nenhuma técnica especial de alpinismo, mas é necessário um bom preparo físico e no tão esperado dia de ataque ao cume, o desafio se mostrou bastante respeitável. Neste dia, para percorrer a distância de aproximadamente 5 km que separa o acampamento base (Barafu Camp a 4673m de altitude) do cume, levamos mais de 7 horas.

Apesar dos cuidados que tomamos com a alimentação e a preparação (inclusive optando por realizar o percurso em 7 dias para melhor aclimatação ao invés dos costumeiros 6 dias dos pacotes mais populares), durante esse percurso final, pudemos experimentar alguns dos efeitos mais comuns causados pela alta altitude como dores de cabeça, enjoos e outros desarranjos. Por conta também do cansaço extenuante, tivemos não apenas que fazer paradas adicionais não previstas como também passamos a caminhar em um ritmo mais lento do que o já lento ritmo pole pole (devagar em Swahili) habitual, para que pudéssemos continuar em frente.

A parte final do ataque ao cume é particularmente difícil não só pelo evidente cansaço. Além de ficar cada vez mais íngreme, o terreno também começa a ganhar uma consistência arenosa e com isso, cada passo que dávamos para acima era acompanhado de um deslize de volta para baixo tornando a luta tanto física quanto mental. A partir desse ponto, passei a sentir a necessidade de descansar a cada 5 minutos por causa da exaustão e sede. A água que carregava comigo em garrafas plásticas já estava parcialmente congelada, o que indicava que a temperatura já estava a alguns graus abaixo de zero e o frio que até então estava suportável, agora começava a incomodar.

Porém, nada havia nos preparado para o desafio que viria a seguir: a volta.

Depois de encarar a disputa com os outros turistas pela vez para tirar as fotos junto da placa que marca o local do cume, eu estava tão exausto e com as pontas dos dedos tão geladas que não aguentava mais focalizar as paisagens deslumbrantes no visor da câmera. Ajustei então o zoom no ângulo máximo e entreguei a câmera para minha prima, que assim saciou a inquietação que vinha alimentando desde quando sua câmera quebrou ainda na metade do caminho.



Após um rápido descanso começamos a descida. O caminho de volta não é o mesmo da ida e os mais de 4000 m de altitude que conquistamos em 6 dias de caminhada são vencidos em apenas um dia pela rota mais curta e usada apenas para a descida conhecida como rota Mweka. Trata-se de um caminho extremamente íngreme e escorregadio que leva de volta ao acampamento Barafu, depois para o acampamento Mweka e daí para o início da rota.
Along with me were the three people who tagged along through the whole journey: my cousin Cláudia and the local guides Nechi and Chayo, without whom it would be impossible to get there. There are several paths to the summit, and we chose to tread on the most popular one, the Machame path, also known as the “Whisky” path for its high difficulty level (the easiest path is called the “Coca-Cola” path), but also the most scenic one. 

Even if the Kilimanjaro is not considered a tough mountain to climb, any climb that takes several days to complete is still an intense and challenging experience. Indeed it might not even be considered a climb at all, since it doesn't require any special mountaineering techniques, but a good physical condition is essential and, on the day we tackled the way to the summit, the challenge proved to be a considerable one. From the base acampment (Barafu Camp, at an altitude of 4673m) to the summit there's a distance of approximately 5 km, which we took over seven hours to go through. 

Despite all our attention to nutrition and conditioning (we even chose to make the journey in seven days instead of the usual and most popular 6-day trip packages, so we could adjust better to the environment), we experienced some of the most common side effects of the high altitude during this last stretch: headaches, nausea and other misgivings. Also due to the exhaustion we had not only to take additional and unplanned breaks, but also to walk at a speed even lower to the already slow “pole pole” (“sluggish” in Swahili) pace, just so we could go forward. 

The final attack to the summit is particularly difficult, not only because of the plain weariness. The ground not only becomes steeper and steeper, but also sandier, so that each step upward was followed by a slide downward, making the struggle not only physical but also psychological. From this point forward I felt the need to rest every five minutes, such the fatigue and thirst I felt. The water I brought with me in plastic bottles was almost completely frozen by now, an evidence that the temperature was by now a few degrees below freezing, and the cold, until that moment just a nuisance, now became a problem. 

Nothing had prepared us to the next challenge, however: the way back. 

After we got past some contention with the other tourists for the chance of taking our pictures by the sign that marks the summit's location, I was so weary and my fingertips were so frozen I wasn't able to focus those spectacular vistas on my camera's screen anymore. So I set the camera's zoom to wide angle and handed it to my cousin, who was then able to put to rest the anxiety she nurtured from the moment her camera stopped working halfway up the mountain. 

After a short break we started to descend. The way back is not the same as the one up, and the more than 4000m of altitude we took 6 days of walk to conquer go past us in just one day through a shorter route, used only to go downhill, known as the Mweka route. It's an extremely steep and slippery path that takes us back to Barafu camp, next to Mweka camp, and then to the beginning of the original path.
Vista da Rota Mweka: Descida do Kilimanjaro
The vista from Mweka route: descending the Kilimanjaro

O último trecho do caminho é um passeio agradável, mas o primeiro é uma verdadeira prova de resistência e velocidade, no nosso caso ainda acentuda porque como demoramos para chegar ao cume, já partimos de lá atrasados (nossa equipe de carregadores ainda teria que desmontar nossas barracas no acampamento Barafu após um breve descanso nosso para então voltar a monta-lo no acampamento Mweka onde iríamos passar a última noite).

Sentimos-nos como numa corrida nas dunas, usando a gravidade para chegar logo à linha de chegada no acampamento base. Descíamos como se estivessemos patinando, deslizando os pés, mas mesmo deslizar é uma dificuldade, pois o terreno além de pedregoso e todo irregular ainda é instável.

Se o tempo estivesse pior, eu provavelmente teria encontrado forças para descer deslizando mais rápido e acompanhar o ritmo dos demais, mas depois de sentir por várias vezes a fadiga dos músculos das pernas e as descargas de ácido láctico, começei a sentir pena dos meus dois joelhos – ambos já submetidos à cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado posterior – e, detestando a experiência toda, continuei deslizando lentamente no limite da dor.

O sol já estava alto e o frio congelante sentido no cume deu lugar a um calor intenso que tornava ainda mais agonizante essa descida. Mais uma vez tivemos que parar para descansar. Mas dessa vez, já o pior já havia passado, estávamos agora a poucos metros do acampamento base. O mundo estava acendendo ao sol da manhã é a vida era maravilhosa. Tínhamos subido o Kilimanjaro e em breve estaríamos de volta ao conforto de casa.



Neste momento, abracei minha prima e não me lembro o que dissemos um para o outro; provavelmente algo banal, mas me lembro vividamente da sua expressão de alívio por termos conseguido chegar lá e do profundo sentimento de amizade que aflorou enquanto percorríamos juntos o último trecho dessa aventura inesquecível.


The last part of this route is a lovely walk; the first one, however, is a genuine test of endurance and speed, even more for us, who took longer to get to the summit and therefore left it behind schedule (our team of load bearers still had to put our encampment down in Barafu camp after we took a short break, so they could put it up again at Mweka camp, where we'd spend our last night). 

We felt as if we were in a race among the dunes, using gravity in our favor to cross the finishing line at the base camp as soon as possible. It felt as if we skated our way down, feet skidding, but even sliding downhill is not easy, for the ground is rocky, irregular and uncertain. 

Had the weather been uglier I'd probably had found the inner strength to slide faster downhill and catch up with the rest of the troupe, but after feeling my legs' muscles exhaustion and lactic acid shoot through them a little too often, I began to have mercy of my knees – both of which had undergone reconstructive surgery on their posterior cruciate ligament – and, hating the whole experience, kept on sliding downhill slowly, on the limits of my pain. 

The sun was up, and the freezing cold we felt at the summit gave way to an intense heat that made the way down even more unbearable. Once more we had to stop to rest. By this time the worst was already behind us, we found ourselves a few meters away from the base camp. The world was lit by the morning sun and life was wonderful again. We had climbed the Kilimanjaro, and soon we'd be back to our home's comfort. 

At this moment I hugged my cousin. I can't remember what we said to each other; probably nothing special, but I vividly remember her expression of relief for having made it and the profound friendship that we cultivated while we made together our way through the last stretches of this unforgettable adventure.


Nós e o time de guias e carregadores que tornaram possível a aventura. Acima à esquerda: Cláudia. À direita: Daniel

The both of us and the team of guides and bearers that made this adventure possible. Top left: Claudia. Right: Daniel

Autoria / Author: Daniel Chu - colaborador VAI NA MINHA

15 de outubro de 2011

PERU


O Peru é um mundo e nesta viagem de duas semanas exploramos somente um pouco deste imenso paraíso natural que oferece aos seus visitantes um impressionante legado histórico e cultural. Pela conjunção de intrigantes ruínas com paisagens espetaculares por toda a sua extensão, a trilha Inca ou caminho Inca que percorremos em 4 dias é considerada a caminhada mais famosa das Américas e faz parte do top 10 de 10 em cada 10 listas das melhores trilhas do mundo.
Ela começa no km 82 da ferrovia Cusco/Quillabamba e por cerca de 42 km, elevando-se à uma altitude de 4215 m atravessa as montanhas acima das margens do rio Urubamba até levar à cidade perdida de Machu Picchu que neste ano comemora o centenário do seu descobrimento.
Relatar a experiência de reviver o caminho que os Incas faziam para chegar a Machu Picchu, recheando de preciosas dicas e recomendações será a prazerosa tarefa reservada para a querida autora desse recém criado blog, ao qual desejo continuidade e sucesso.
De meu lado, deixo o registro de uma lição que o Peru nos ensina. Há pouco mais de 20 anos atrás o país vivia sob total domínio do terrorismo e do tráfego de drogas, de forma que poucos eram os turistas que se arriscavam nesse mesmo caminho Inca que percorremos com toda a paz e tranquilidade.
A história de como o governo peruano conseguiu mudar esse cenário é controverso e repleto de episódios escusos, mas é fato que, com obstinação, em um período curto de uma década, a atuação terrorista do Sendero Luminoso foi em grade parte suprimida – uma tarefa tão ou mais árdua quanto eliminar o tráfico de drogas das favelas do Rio de Janeiro.
Árdua porém possível, se ao menos algum governo de fato quisesse. Não foi o caso dos últimos que ocuparam o cargo. Infelizmente também não parece ser o caso da atual ocupante.


É por instantes como esses que você deixa a sua casa – para não mais se sentir como um estranho no mundo, para testar seu ânimo contras a força do destino, para encontrar amigos desconhecidos, e ouvir que não importa quão longe você vá vagando como um peregrino, “você jamais caminhará sozinho”.

- Phil Cousineau, A Arte da Peregrinação


Esta introdução foi colaboração do meu companheiro de viagem, meu primo Daniel. Faço das palavras dele as minhas, não poderiam estar mais bem colocadas.



PERU - A WORLD IN ITSELF
Peru is a world in itself. A vast and natural paradise that offers to all that visit the country  a chance to get into contact with an amazing cultural and historical legacy – which is so rich that throughout our two-week journey we could only experience and explore part of it.
It took us 4 days to trek the Inca Trail.
Combining intriguing ruins with spectacular sceneries along the way, the Inca trail is by far the most famous trek in South America and is rated by many as one of the top ten treks in the world. 
It begins at Km 82 (82 kilometers along the railway from Cusco to Aguas Calientes) and treks high up into the mountains that rise above the banks of The Urubamba River before finally arriving at Machu Picchu. This year (2012) we are celebrating the 100th anniversary of the discovery of Machu Picchu - the mysterious "Lost City of the Incas"
The talented writer of this newly created blog – which I hope will be a long-lived success - is going to tell you about the great experience we had while trekking along the way that the Incas, for so long, took to reach Machu Picchu. Her account will provide you with lots of helpful and valuable tips for what turned out to be an incredible and unforgettable experience.

As to me, I would like to point out a lesson Peru is teaching all of us. About 20 years ago the country was filled with terror and drugs, so much so that few tourists would venture taking the same path we crossed peacefully and safely. How the Peruvian government was able to change the situation, is a controversial matter, but the important thing is that it took just a decade to suppress the terrorist acts of Sandero Luminoso - a terrorist group that was more powerful than the drug gangs that still control the favelas in Rio: a problem that the Brazilian government unfortunately is still facing without success.

It is for moments like these that you leave your home - to no longer feel like a stranger in the world, to test your courage against the forces of destiny, to find unknown friends, and to hear that no matter how far you go wandering as a pilgrim, "you never walk alone."

Phil Cousineau, The Art of Pilgrimage

This introduction was written by my cousin Daniel who was by my side all through the way. His words are my words. Have a good journey!